Porto, 2 de julho de 2018 – O IPAM convidou especialistas nacionais do setor privado público e académico a identificarem as tendências agroalimentares em Portugal para 2027. Segundo o estudo realizado, 86,1% dos especialistas consideram que as políticas governamentais deverão conseguir reduzir o desperdício alimentar em 15% e 84,7% acreditam que o consumo per capita de produtos biológicos aumentará para 10€.
A amostra do estudo é composta por 24 especialistas do setor académico, público e privado, nomeadamente investigadores, professores, jornalistas, ex-governantes, empresários e chefes de cozinha, entre outros.
As culturas e tradições da gastronomia portuguesa serão mais valorizadas, no que diz respeito ao princípio justo da Slow Food, de acordo com a opinião de 88,6% destes especialistas que preveem ainda a inclusão da gastronomia regional portuguesa na reserva gastronómica mundial.
Em termos de produção associada ao conceito limpo, o crescimento da agricultura sintrópica e dos produtos de excelência é identificado por 87,5% dos especialistas como uma forte tendência de ocorrência até 2027. Enquanto, relativamente à indústria e distribuição, 86% afirma que o canal Horeca português apostará na certificação Slow Food.
De referir ainda que para 84,9% dos especialistas, o consumo será baseado no drive de compra de produtos agroalimentares com indicação da pegada de carbono e 87,2% estima que a preferência dos consumidores incidirá nos canais de proximidade e canais curtos de distribuição.
No conceito bom, associado ao prazer e felicidade, a Portuguese Confort Food passará a estar incluída na opção de menu de acordo com 86,4% dos Experts. Já no que diz respeito à saúde, as embalagens privilegiarão informação clara e objetiva sobre o grau de dependência que o produto pode provocar, garantem 81,5% dos especialistas.
No âmbito da filosofia agroalimentar e da socialização, a promoção e valorização da figura de Gastrónomo regional será uma realidade para 86% assim como a maior valorização do “estar à mesa” relativamente à tecnologia como eixo educacional geracional, de acordo com 78,2%.
No que concerne à espiritualidade, 78,9% preveem que será considerado o jejum, ramadão e outras práticas ancestrais vistas mais como opção de purificação do corpo e da alma. A verdade agroalimentar possível com base na cocriação é outra tendência indicada por 80,6% dos especialistas, no âmbito da filosofia agroalimentar e do conhecimento.
Ficha Técnica do Estudo
O estudo foi coordenado por Rui Rosa Dias, Mafalda Nogueira e Sandra Gomes, professores e investigadores do IPAM que desafiaram os 24 especialistas a participarem em três rondas, tendo por base o modelo e a metodologia Delphi.
Aos três princípios do Slow – Limpo, Justo e Bom – foi acrescentado o princípio da Filosofia. No debate do eixo do princípio Limpo foram analisados os modos de produção, a indústria e a distribuição e o consumo. Enquanto no princípio Justo foram avaliadas as políticas de Governance, a Economia Agroalimentar e as Culturas e Tradições. No Bom foi destacado o prazer e a felicidade, aspetos sensoriais e a saúde. Por último, na introdução do princípio da Filosofia, os especialistas foram convidados a pensar na espiritualidade, socialização e conhecimento, validando assim a proposta de um novo modelo universal para os princípios do Slow Food.
Especialistas que integraram a Amostra:
Sector |
Nomes |
Cargo /Função |
Público |
Diogo Albuquerque |
Ex-Secretário de Estado da Agricultura e Desenvolvimento Rural |
José Carlos Marques |
Investigador Universidade da Madeira |
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Pedro Graça |
Diretor do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável da DGS |
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Académico |
Niza Ribeiro |
Professor /Investigador da Universidade do Porto – ICBAS |
Filipe Antunes |
Professor /Investigador da Universidade do Porto |
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Carlos Melo Brito |
Pró-Reitor da Universidade do Porto |
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José Luis Reis |
Professor Universitário – IPAM – Investigador UTAD |
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Alcibiádes Guedes |
Professor Universitário – Universidade do Porto – Presidente do Conselho de Administração do INEGI |
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Pedro Barbosa |
Professor Universitário – Oporto Business School |
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Privado |
Teresa Silveira |
Jornalista |
Alfredo Sendim |
Diretor da Empresa Herdade do Freixo do Meio - Produtor |
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Margarida Rego |
Chef de Cozinha |
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Liliana Perestrelo |
Diretor Geral da Naturalfa – Empresa de Certificação |
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Ondina Afonso |
Presidente do Club Produtores Sonae |
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Pedro Rocha |
Produtor – Diretor da Noocity |
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Vasco Guimarães |
Chef de Cozinha |
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Otília Ribeiro |
Slow food Algarve |
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Luis Alves |
Diretor do Cantinho das Aromáticas |
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Mário Rodrigues |
Diretor da Alivetaste |
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Jaime Ferreira |
Presidente da AROBIO |
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Helena Real |
Secretária Geral da Associação Nacional dos Nutricionistas |
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Álvaro Dinis |
Chef de Cozinha |
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Henrique Pires |
Diretor do IDEFE /ISEG |
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Jorge Miranda |
Slow Food Minho |