Um congresso de marketing? É urgente repetir
Se ainda existem fronteiras entre a academia e a prática empresarial, essas barreiras têm de cair
Se ainda existem fronteiras entre a academia e a prática empresarial, essas barreiras têm de cair. Está mais do que na altura de interiorizarmos que a academia não existe separada das empresas e vice-versa. E é, precisamente, para quebrar estes preconceitos que o IPAM (Instituto Português de Administração de Marketing) e a APPM (Associação Portuguesa dos Profissionais de Marketing) uniram esforços e organizaram no dia 21 de Junho o 1.º Congresso Nacional Marketing Leads Business, dirigido a todos os profissionais do setor.
Sim, um dos papéis das instituições de ensino superior é o de produzir conhecimento, mas temos de sair do quadrado das publicações internacionais que ficam numa revista. Estas, de extrema importância, devem sair do papel e ser partilhadas com quem verdadeiramente as vai aplicar: os profissionais do mercado.
Perante os desafios diários, com os quais as pessoas e as empresas se deparam, a academia e as empresas devem estar lado a lado, a trabalhar em prol de objetivos comuns: 1) o de melhor preparar os futuros profissionais; 2) o de partilhar o conhecimento que é produzido e vê-lo aplicado nas empresas.
Porque ainda há muito a fazer no domínio da investigação aplicada ao mundo empresarial, o mote para este congresso foi o de desmistificar o preconceito de que a investigação académica é somente teórica e não tem aplicabilidade à realidade empresarial. Entre os inúmeros participantes, contámos com profissionais do mercado com vontade de sair ‘fora da caixa’ e de inovar, através de conhecimento e modelos testados que foram apresentados em várias sessões, em formato de seminário e workshops, dedicados a três temas umbrella: Sustentabilidade, Consumidor, Pessoas & Estratégia.
O nosso setor é um dos mais dinâmicos e as mudanças foram mais que muitas, principalmente, nos últimos dois anos. É, por isso, que abordámos temas como a prevenção do burnout e a promoção de ambientes de trabalho saudáveis, mas também, do poder da cor e do valor da marca Portugal e, até, de como a tecnologia está a modificar a sustentabilidade.
O consumidor e a própria sociedade transformaram-se radicalmente nos últimos tempos. E por isso explorámos novas perspetivas relacionadas com o entendimento de padrões de mentalidade, de comportamento e mapeamento de perfis na cultura e consumo. Abordámos o neurobusiness e a ‘neurovenda’, e como a neurociência do consumo agrega valor ao marketing. Falámos da liderança dos negócios em enfrentar o imponderável comportamento dos consumidores e experimentar rotas antes não navegadas. Porque todos sabemos que, quem não souber acompanhar os tempos, ‘perde o barco’.
Também a vertente tecnológica assumiu todo um novo patamar. O uso de tecnologias, como a Inteligência Artificial, será já uma tendência no mundo dos negócios? Quais os desafios éticos desta nova realidade?
Recentemente, vimos inclusive surgir um novo glossário na nossa indústria com conceitos como live commerce, data mining, voice e social media, metaverso e recommerce, plataformas online, marketing digital personalizado. O que tudo isto quer dizer? O que significa?
Foram estas, algumas das questões, que foram debatidas em conjunto. Todos os intervenientes neste Congresso, para além de investigadores, são também profissionais ativos com experiência no mercado e estão bem conscientes do gap entre a academia e a prática empresarial.
E assim foi o 1º Congresso Marketing Leads Business - deu-se um primeiro passo na transposição do conhecimento académico para a prática profissional. Para o ano há mais! Contamos consigo?
Marta Bicho Diretora do IPAM Lisboa